SBK: Resumo dos primeiros testes da temporada

Já não falta muito para que os fãs do Mundial de Superbike tenham a sua necessária “dose” de ação em pista, pois a temporada 2014 tem o seu início dentro de um mês, no circuito australiano de Phillip Island.

Este ano as novidades técnicas são muitas, nomeadamente a introdução de uma categoria EVO, motos de ciclística semelhante a uma Superbike mas com motor e eletrónica ao nível das motos que competem na categoria Superstock 1000.

Depois da obrigatória pausa de inverno, as equipas do Mundial de Superbike já tiveram a oportunidade de realizarem os primeiros testes privados. As principais equipas estiveram presentes no Autódromo Internacional do Algarve ao longo dos últimos cinco dias, exceção à equipa Kawasaki Racing Team.

E começamos precisamente pela Kawasaki, equipa do campeão mundial Tom Sykes. São a formação a bater, e Sykes, além do companheiro de equipa Loris Baz, deslocaram-se até ao circuito espanhol de Almeria para alguns dias de teste.

Durantes estes testes, e como seria de prever, Tom Sykes aos comandos de uma Ninja ZX-10R com uma mistura de material novo e antigo, rodou a um ritmo considerado “muito bom” quando comparado com outros testes ali realizados anteriormente.
 
Relembramos que Almeria não é um circuito utilizado pelas SBK para competição, mas as equipas costumam ali testar.

Mas mais do que Sykes, a surpresa destes dois dias de teste, aos olhos da KRT, foi a prestação de Loris Baz. O francês manteve o lugar na equipa de forma algo surpreendente, e parece querer mostrar que a decisão tomada pela direção da Kawasaki não foi errada.

Baz rodou no mesmo tempo de Sykes, quando a sua moto estava montada em pneus de qualificação, e apenas meio segundo a mais com os pneus de corrida. Loris Baz melhorou assim o seu melhor tempo em Almeria em cerca de três segundos, uma excelente indicação do que poderá fazer ao longo de 2014.

Já em solo português, no Autódromo Internacional do Algarve, as restantes formações, pelo menos as principais, estiveram em pista para também realizarem as primeiras avaliações às motos e aos pilotos.

As condições climatéricas estiveram longe de serem ideais, mas ainda assim, uma surpreendente performance por parte da equipa Voltcom Crescent Suzuki (que também esteve dois dias em Almeria anteriormente) deixa antever que tanto Eugene Laverty, como o rookie, campeão das Superbike britânicas, Alex Lowes, poderão estar perto das equipas consideradas favoritas como a Kawasaki, Aprilia ou Pata Honda.

Alex Lowes saiu dos testes de Portimão com o melhor tempo (não oficial), e rodou muito perto do recorde de corrida na posse de Tom Sykes. Irmão de Sam Lowes, campeão das Supersport, Alex não conhecia o circuito luso, realizou mais de 160 voltas ao AIA para perceber o que podia fazer e no último dia de teste, ontem, usufruindo de pista seca, o britânico levou a renovada Suzuki GSX-R1000 ao topo da tabela de tempos, batendo inclusivamente o companheiro de equipa Eugene Laverty.

A Suzuki trabalhou em Portimão ao nível da eletrónica, equilíbrio do chassis e principalmente na procura de boas afinações para as novas suspensões Öhlins 2014. Os resultados foram positivos e a Suzuki começa o ano em bom plano.

Alex Lwes e a Voltcom Suzuki surpreenderam em Portimão

 
Atrás dos pilotos Suzuki ficou Jonathan Rea. Aos comandos da CBR1000RR Fireblade da equipa PATA Honda Ten Kate, Rea foi o terceiro melhor, e trabalhou, tal como aconteceu com o companheiro de equipa Leon Haslam – 7º tempo -, a nova eletrónica desenvolvida especificamente para melhorar a resposta do motor japonês em aceleração, ao mesmo tempo que procuraram melhor equilíbrio do conjunto na travagem, aperfeiçoando o travão motor.

Com o quarto tempo em Portimão ficou Davide Giugliano aos comandos da Ducati 1199 Panigale da equipa oficial italiana. Ele e Chaz Davies (6º tempo), o outro piloto da formação de fábrica da Ducati para a nova temporada, não se preocuparam especificamente na obtenção de tempos mas, pelo contrário, receberam por parte da Ducati Corse uma lista “interminável” de testes a cumprir.

Os dois testaram várias novas peças para a, até agora, pouco competitiva Panigale versão Superbike, e no final deste teste inicial, as expressões faciais dos técnicos e pilotos parecem indicar que alguns progressos foram conseguidos.

Logo atrás de Giugliano ficou o compatriota Marco Melandri, agora aos comandos da Aprilia RSV4 Factory que no ano passado era pertença de Eugene Laverty. Melandri focou a sua atenção na eletrónica da RSV4 mas, o principal interesse deste teste, foi encontrar forma de aumentar significativamente a fiabilidade da moto italiana.

Esta temporada entram em vigor novas regras que limitam o número de motores por piloto para a temporada a oito motores (categoria EVO tem direito a 6 motores por piloto), e sabemos que a Aprilia necessitou, até agora, de utilizar muitos mais motores para cada um dos seus pilotos em temporadas anteriores, o que indica uma fraca fiabilidade do motor V4.

Melandri ficou satisfeito ao nível do trabalho na eletrónica, mas de resto a Aprilia está a encontrar dificuldades em conseguir encontrar qual o melhor caminho a seguir.

De destacar ainda a presença em Portimão da BMW Itália, equipa que competirá nas regras EVO, e que mantém a BMW Motorrad em ação neste campeonato. O fabricante alemão abandonou de forma oficial as SBK no final do ano passado mas, mantém o apoio à BMW Itália, que inscreve em 2014 uma moto para o campeão de Superstock 1000 aos comandos: Sylvain Barrier.

O francês da BMW Itália foi o oitavo mais rápido em pista, a sete décimas de segundo de Leon Haslam numa Superbike, que terminou os testes com o 7º registo. No entanto Barrier ficou ainda 1,5 segundos de diferença do melhor tempo de Alex Lowes. Resta perceber como é que esta moto alemã, que será uma das favoritas ao “título” das EVO, consegue crescer e melhorar, e até que ponto o conseguirá fazer.

Uma última nota para o regresso a esta categoria da MV Agusta, através de uma equipa de fábrica “full” Superbike, em parceria com os russos da Yakhnich Motorsport e o italiano Claudio Corti aos comandos de uma MV Agusta F4RR.

Corti ficou a cerca de dois segundos de Lowes, mas este é um regresso que é saudado pelos fãs deste mundial.

As equipas farão agora uma pausa até início de fevereiro, mais concretamente até 5 e 6 de fevereiro, altura em que se deslocam até ao circuito de Jerez de La Frontera para mais uma sessão de testes de pré-temporada.

Sylvain Guintoli, francês que em 2013 animou o campeonato até ao fim, está ainda ausente das pistas por estar a recuperar de operação ao ombro para corrigir uma lesão, e foi substituído em Portimão por Alex Hoffman aos comandos da segunda Aprilia Factory.