Dakar - 3ª etapa: Dia negro para os portugueses

Ruben Faria é a primeira baixa entre os portugueses nas motos, na primeira parte de uma etapa maratona que levou hoje da caravana de San Rafael a San Juan, ainda em território argentino, e subiu a mais de 4000 metros de altitude. O piloto português da KTM sofreu uma queda já na fase final da especial, quando rolava em conjunto com outros pilotos, entre os quais Paulo Gonçalves, e numa altura em que rodavam perdidos, num rio seco com muitas pedras, fora do percurso da especial.

A queda foi violenta e o piloto de Olhão foi mesmo evacuado de helicóptero para o acampamento, seguindo posteriormente para o hospital de San Juan. Segundo o comunicado de imprensa de Ruben Faria, “após observação médica não se confirmou um possível traumatismo craniano nem quais outras fraturas, mas Ruben Faria continuará sob observação na unidade hospitalar argentina durante mais algumas horas.” Entretanto, foi confirmado que o piloto algarvio não tem qualquer lesão.

Quanto a Paulo Gonçalves, não abandonou o seu compatriota acidentado, e permaneceu a prestar assistência a Ruben Faria até à chegada do helicóptero, dando – uma vez mais – provas do grande desportista que é. Paulo Gonçalves chegou ao final em 66º lugar, a 2h13m56s do vencedor do dia, que foi uma vez mais o seu companheiro de equipa Joan Barreda. Mas, como costuma ser norma nestes casos, o tempo que Paulo Gonçalves perdeu no auxílio a Ruben Faria poderá ser-lhe restituído pela organização, sendo que atualizaremos esta notícia quando isso suceder.

Na chegada a San Juan, o Campeão Mundial de TT classificou esta tirada como sendo “um dia muito mau, que comprometeu o meu resultado na prova. Cometi um pequeno erro a seguir outros pilotos, acabámos por descer a montanha e quando vi que era o caminho errado já não conseguia subir para a pista certa. Tentei subir várias vezes, caí muitas vezes a tentar subir e danifiquei bastante a moto, ficando sem road-book e instrumentos de navegação”. Depois, ao deparar-se com Ruben  Faria caído, Gonçalves parou de imediato e chamou a assistência médica. “Fiquei com ele té à chegada do helicóptero. Não me pareceu ter nada de grave, já sei que está bem e que vai ter de ficar um ou dois dias internado apenas para observação”, esclareceu o piloto da Honda. Amanhã o objetivo é tentar chegar ao bivouac, e a partir daí será ajudar o meu companheiro de equipa Joan Barreda a manter a liderança da prova”.

Mas os azares não ficaram por aqui – para além dos entretanto somados nas quatro rodas com os abandonos de Carlos Sousa e de Francisco Pita. Também Hélder Rodrigues (na foto) teve problemas. Nos despachos que a organização coloca no seu site, foi relatado que o português parou ao KM 145 da especial, com um problema técnico e que o procurava resolver. No entanto, no comunicado da Honda HRC ao final do dia, Hélder Rodrigues apenas declarou ter-se perdido. No comunicado, o “Estrelinha” diz que esta foi “uma etapa realmente difícil. Perdi-me e levei muito tempo até encontrar a pista certa. Mas estou contente de ter chegado ao bivouac. Hoje posso ter perdido a corrida, mas ainda cá estou, apesar de ter perdido uns minutos.” Hélder Rodrigues encontra-se agora em 14º lugar da geral, a 58m41s do líder.

Quanto aos restantes pilotos portugueses nas motos, Mário Patrão também perdeu terreno, descendo para a 36ª posição da geral, e quem subiu uns furos foram os três homens que seguem mais atrás, Pedro Oliveira, Pedro Bianchi Prata e Victor Oliveira, que ocupam agora, respetivamente, as 37ª, 40ª e 44ª posições da classificação geral.

Depois do problema de ontem com a gasolina, Bianchi Prata també não teve hoje um dia fácil, depois de mal ter dormido na noite passada. “Foi uma noite terrível. Devido a um pedaço de carne que ingeri ao jantar fiquei com o esófago obstruído e tive mesmo que ir de urgência ao hospital durante a noite. Nunca me senti tão mal na minha vida e tive que ser submetido a uma endoscopia para que o esófago fosse novamente ‘limpo’. Estive durante seis horas no hospital, uma delas a ser submetido a essa mesma endoscopia e quando regressei ao ‘bivouac’ apenas consegui dormir duas horas. Foi um dia muito complicado mas consegui chegar ao final e ganhar mesmo posições na classificação. Um resultado complicado de atingir mas que me dá moral para continuar.”

Azarados estiveram também o vencedor da etapa de ontem, Sam Sunderland, que se perdeu e sofreu várias quedas, e Frans Verhoeven, que caiu e abandonou, com um ombro lesionado.

Na frente, Joan Barreda conseguiu a sua segunda vitória nesta edição, e terceira para a Honda em outras tantas etapas, batendo Cyril Després por 4m41s e Marc Coma por 6m56s, com Alain Duclos a levar a Sherco ao 4º tempo da etapa, à frente de Casteu e Lopez.

Na geral, Barreda soma agora menos 13m04s que Després e está 13m56s na frente de Coma. Segue-se Duclos, perfazendo assim quatro marcas diferentes nos quatro primeiros lugares.

Classificação geral – 3º dia

1. Joan Barreda (Honda), 9h56m44s
2. Cyril Després (Yamaha), a 13m04s
3. Marc Coma (KTM), a 13m56s
4. Alain Duclos (Sherco), a 16m38s
5. Francisco Lopez (KTM), a 18m39s
6. David Casteu (KTM), a 22m16s
7. Jordi Viladoms (KTM), a 34m33s
8. Olivier Pain (Yamaha), a 36m33s
9. Jakub Przygonski (KTM), a 37m54s
10. Stefan Svitko (KTM), a 40m09s
14. Hélder Rodrigues (Honda), a 58m41s
28. Paulo Gonçalves (Honda), a 2h22m06s (*)
36. Mário Patrão (Suzuki), a 2h47m36s
37. Pedro Oliveira (Speedbrain), 2h48m55s
40. Pedro Bianchi Prata (Husqvarna), a 2h53m01s
44. Victor Oliveira (Husqvarna), a 3h00m50s

(*) Paulo Gonçalves poderá ver o tempo perdido na assistência a Ruben Faria ser-lhe restituído